16 abril 2009

Tópico para discussão

Concordo em absoluto com o que diz o Hugo num post abaixo. Existe uma decisão dos CEO’s das grandes marcas do surfwear de não investir no bodyboard. Não faço ideia da razão dessa decisão, mas o consenso entre diversos agentes do sector com que vou falando e muitas vezes referido quando este assunto vem à baila é de que o bodyboard perdeu influência e não tem hoje em dia representatividade comercial no mercado global. Exceptuando alguns nichos geográficos, nomeadamente Austrália e Europa, o bodyboard deixou de ter força comercial. Pelo menos isto é o que eles, os do Surf, dizem. Não tenho dados para contradizer este pensamento, nem sei se me interessa muito fazê-lo. Mais do que chorarmos sobre o leite derramado, creio que o que o bodyboard tem que fazer é cada vez mais encontrar as suas próprias estratégias de desenvolvimento e os seus próprios métodos de promoção. O recente caso de Shark Island é paradigmático e levanta várias questões para além dos aspectos financeiros. Também já a decisão da ISA de "guetizar" o bodyboard as levantava. Não me interessa encontrar culpados, mas, por exemplo, é escandaloso que um evento como Shark Island não consiga, por maior que seja a crise, encontrar os fundos necessários para a realização da prova. É escandaloso que esse dinheiro não surja! Por outro lado e do ponto de vista da entidade reguladora compreendo a decisão da IBA, que visa salvaguardar dois aspectos essenciais para a instituição e os seus atletas. Recusar Shark Island é uma forma de defender e legitimar todos os outros promotores por esse mundo fora que levantam seca e meca para poder promover uma prova IBA, falo por experiência, e é a longo prazo defender os atletas e os seus prize moneys, é também disso que eles vivem. Mas para mim neste momento as grandes questões são estas: que modelo competitivo deve o bodyboard ter e a capacidade das estruturas organizativas do desporto procurarem nas marcas de bodyboard, ou em marcas fora do âmbito dos desportos de ondas, os apoios necessários para fazer a modalidade evoluir. O exemplo de há uns anos de ter uma empresa de jogos de vídeo, a Rockstar Games, a patrocinar Pipe é a meu ver o modelo a seguir, tal como a Sumol no nacional, seria importante perceber porque razões se quebraram estas alianças. Por outro lado, e aqui vem a parte polémica, não sei se a tentativa de copiar o modelo ASP, realizando os campeonatos cada vez em ondas mais inacessíveis ao comum dos praticantes e adeptos da modalidade tem feito bem à evolução do desporto. É que sejamos sinceros, eu adoro vê-los em Shipsterns e Shark Island e Arica, mas a verdade é que a maioria de nós surfa é nas várias Praias Grandes e Costas de Caparica desse mundo. Pergunto-me e pergunto-vos se não seria mais válido ter um modelo de circuito mais próximo da realidade quotidiana do desporto, com alguns Special Events pelo meio, cativando-se assim as camadas mais jovens e um maior número de atletas e colocando a competição mais próxima de uma maior fatia de praticantes. Muito sinceramente, creio que é tão espectacular ver o Brendan Newton a espatifar-se todo num outer reef isolado qualquer, como ver o Joe Clarke ou o Uri Valadão a fazerem sequencias fabulosas de 360 com rollos e ARS em ondas de um metrinho na praia lá da rua, por assim dizer…

16 comentários:

  1. Por momentos pensei que era o TLAI a escrever...

    Concordo contigo basicamente em tudo o que escreveste, fundamentalmente nos campeonatos perto da realidade...

    Qual é o retorno de uma empresa europeia numa etapa no Chile ou na Venezuela? Ou mesmo uma empresa mundial? Se não for uma empresa técnica não há retorno...

    Se já é difícil obter retorno no patrocínio de uma etapa europeia, imagine-se...

    Muitos criticam a etapda da PG ser em Agosto... Mas quantos gatos pingados apareceriam na PG em Novembro?

    Os special edition aparecem porque os prémios monetários são ridículos...

    O BB é um desporto que pode ser viável sem circuito profissional. Só com uma base grande de praticantes amadores é que será viável um circuito como o que existe actualmente...

    Os prémios monetários são muito elevados para o n.º de praticantes que existe (numa relação de ratio).

    Actualmente não há espaço para tanta modalidade... E se a crise está instalada no futebol, F1, NBA, quem é o bb para escapar à crise?

    B

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  2. Mas eu por não curvar no meu carro a 250 km/h deixo de ver Fórmula 1?

    Estou convencido que foram as marrecas quem matou o Bodyboard. Da praia, onde estão os que verdadeiramente financiam o BB, a lógica, por exemplo na Praia Grande em Agosto, é só uma: "Deitados e em ondas deste tamanho? Assim também eu ..."

    Um 360º, um rollo ou mesmo um ars numa onda pequena, não impressionam ninguém. É verdade, todas elas parecem mais fáceis do que realmente são, mas se queremos que as Sumol e as Rockstar paguem o desporto - e aí estamos de acordo - temos de garantir imagens que impressionem os "mortais" não bb's.

    Quantos gatos pingados apareciam na PG no Inverno? No SSE era Novembro, só lá estava uma vedeta internacional, e estava um frio absurdo ... a praia esteve cheia e as imagens chegaram à Austrália. Isso sim é retorno ... "Maior, mais fundo e mais alto", deveria ser o lema do BB. Mesmo que eu surfe, mais pequeno, mais perto da porta de saída e mais baixo que qualquer surfista do QS

    Cocas

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  3. Mas a PG não dá ondas do tamanho da PN... Não tem condições... E se é a CM de Sintra que paga tem de ser no concelho...

    Se anunciassem um special edition na PG em Novembro eu não ia... É frio, húmido e chuvoso... Com o mar todo partido e storm.

    Nem só de ondas grandes se faz o bb... O BB não é um desporto de espectadores, mas sim de prática...

    B

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  4. Agora acertaste na mouche. "O BB não é um desporto de espectadores, mas sim de prática". Nenhum desporto de sucesso é financiado pelos seus praticantes. Nenhum ...

    Nada contra a prova na PG e quem paga decide a data da realização. Agora que o espetáculo -salvo raras excepções - é pouco mais que miserável, é ...

    Quanto à ida à praia para ver. Esse é outro salto que o BB ainda não deu. O povo na praia interessa pouco e tendencialmente irá cada vez interessar menos. É pela net que a divulgação da "coisa" tem de ser feita e para isso são precisas ondas. E será que alguém tem paciência para estar sentado ao computador a ver 1500 360º em meio metro todo partido no inside da PG? E se for o Rawlins, o Hardy, o Hubbard e o Player a dropar monstros na PN? Garanto-te que até os aussies ligam os pcs e ai a Sumol paga ...

    Cocas

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  5. Isto é raro mas concordo com o Cocas.

    A lógica do desporto espectáculo é que este existe para que meia dúzia de eleitos inspirem uma multidão de anónimos a serem como eles.

    Quantos de nós faremos um afundanço na vida ou correremos uma maratona? E no entanto, a Nike vende ténis para correr e para basquetebol como pãezinhos quentes. E vende-os para os atleas de fim-de-semana, para atletas mais sérios ou até para americanos gordos que passeiam nos supermerados.

    A Billabong e a Rip Curl vendem mais t-shirts a gente que não distingue a parte da frente de uma prancha de surf da detrás, do que a surfistas. E como é que vendem a imagem do surf? Com o WCT, que é disputado nas mais famosas ondas do Mundo. Que é como quem diz, nas melhores. O WQS serve apenas para preencher os buracos e assegurar que apenas os melhores entram no circo.

    Um dos problemas do BB é que estamos habituados a pensar num círculo muito pequeno, o dos praticantes. Quando alguém ousa fazer algo maior e melhor (e quando digo maior, o Special Edition ameaça tornar-se uma referência internacional...) as coisas acontecem.

    Vamos brincar ao "suponhamos".

    Suponhamos que um jornalista quer vender uma reportagem de BB a um jornal generalista "main stream". Como é que vende melhor a coisa?

    "Há um campeonato muito bom e competitivo ali (não interessa onde)" ou "Vai haver um campeonato com malucos a descer ondas gigantes e que pode dar umas grandes fotos..."

    A última vez que isto "supostamente" aconteceu, o Jaime Jesus, a Nazare e o bodyboard foram parar às bocas do Mundo e ao world press photo.

    E todos vocês sabem que dois anos depois, ainda há ecos disto.

    Até gosto do campeonato da Praia Grande, acho que há lugar para tudo. É bom ver os pros de perto a confraternizar, assinar autógrafos, etc e tal. Agora fazer daquilo e de outros campeonatos com ondas do género um "Grand Slam"? E nos entretantos, acabar com os Shark Island que por aí andam?

    Alguma coisa está profundamente errada e eu espero que se resolva rapidamente porque não quero começar a ter de andar de quilhas por extinção do BB.

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  6. Se me permitem se sincero, eu não fico preocupado se não exisitir um circuito IBA ou se o desporto é ou não profissionalizado...

    É importante é que eu o pratique e que existam pranchas.

    Com uma base de praticantes, as coisas irão evoluir naturalmente.

    O mal do bodyboard é invejar o status do surf... Enquanto querermos o que os outros têm, nunca o iremos alcançar, é um defeito próprio.

    B

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  7. "É importante que eu o pratique e que existam pranchas"

    Ponto 1) se não houver quem o pratique melhor que eu, também nunca vou ser melhor porque não tenho o que ambicionar. E, assim, tropeçamos no princípio da competição. Os campeonaos surgem não por um princípio maquiavélico qualquer mas porque faz parte da nossa natureza. E se não evoluir, ou não tiver algo para ambicionar, aborreço-me.

    2) Sem competição, dificilmente haverá indústria. E até digo "dificilmente" porque este desporto sobrevive bem só com fotos de malucos nas revistas e vídeos...mas até a viabilidade disso anda ameaçada.

    E sem indústria...desculpem, mas estou velho para aprender a fazer pranchas e era uma nóda a trabalhos oficinais.

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  8. PS: E "invejar o estatuto do surf" é só para quem não tem consciência o quão pequenino o surf é.

    No outro dia, para definirem o estatuto de Kelly Slater, um dos melhores surfistas (lato senso) de todos os tempos diziam-me que ele ganhava "40 mil contos por mÊs"

    No universo do futebol, isso coloca-o abaixo de um Miccoli ou Rochemback ou Lucho qualquer. Tenhamos noção...

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  9. a realidade contradiz algumas noções. Afinal quando dizem que praia grande "não dá retorno", "não é viável" e "é um sacrificio ao espectador" e afinal segue de pedra e cal e é o sharkisland que acaba?

    O nazaré deste ano já está confirmado?

    o que é retorno afinal? e para quem?

    E outras dúvidas, uma etapa forte na PG prejudica ou fortalece Uma hipotetica (talvez realidade este ano) etapa na Nazaré?
    Será que o que falta na austrália é uma PG?

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  10. GT sem patrocinador para correr mundial...http://esporte.uol.com.br/surfe/ultimas/2009/04/16/ult81u2293.jhtm

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  11. Eu quero é surfar o mais que posso...

    Só isso...

    Catch barrels...

    O resto vem por acréscimo. Não vai ser a "nossa" confraria que vai mudar o mundo do bb. Apenas seremos uma espécie de "Rui Santos"...

    B

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  12. não era preciso exemplo tão desmoralizador. francamente. Pelo menos os freitas lobo do bodyboard.

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  13. Se conhecesses o Rui Santos, saberias o quão insultusoso isso foi. Como não conheces...deixa lá.

    Não salvamos o BB? Talvez não, mas eu tenho a sorte e às vezes o azar de estar numa posição que me permite fazer alguma coisa. E pelo que sei, há mais desta confraria nessa posição.

    Mas quem quiser que se acuse. Um dia destes fazemos umas ondas ou bebemos umas fresquinhas e eu explico-te.

    Mas Rui Santos??? Da-se!

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  14. lalalalala...conversa da treta...que frustrados!

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  15. Eu até acho que o Rui Santos comenta com algum sentido... Foi o 1º nome que me veio à cabeça.

    B

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  16. O gajo é um demagogo que quando estava ligado ao jornal a Bola andava de beijo na boca com alguns que agora critica.

    Sem falar no passado dele na Bola, mas isso há gente que pode falar disso com mais propriedade que eu.

    Mas na boa, eu sei que aparecer na televisão limpa a dizer coisas "corajosas" limpa muita coisa.

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