as lages

há olhares que não nos abandonam nunca. E o olhar de bodyboarder é um deles e que nos acompanham mesmo nas zonas mais inóspitas e afastadas da àgua possiveis. Ora foi num destes sítios que tive a surpresa de encontrar no sopé de umas falésias lages absolutamente perfeitas. O seguimento da paisagem eram obviamente grandes planícies onduladas de joio. Fossem plantadas aquelas colinas em tonalidades um pouco mais azuis e o precioso liquido estivesse ali a banhar os pés da plataforma teríamos condições perfeitíssimas para ter ondas quem sabe, ainda melhores do que as que temos. A ironia fez-me pensar um pouco na aleatoriedade de tudo isto: Nem as linhas costeiras são obviamente sempre as mesmas ao longo da história, nem os fenómenos geológicos se compadecem da equação do desejo de um bodyboarder. Alguém que se julgue privilegiado por morar em frente a uma comete o sacrilégio de incluir a sua vontade nos humores da crosta terrestre. E por isso as lages e os fundos perfeitos continuam dispostos um pouco por todo o mundo, nuns sítios para nos lembrar que a transitoriedade, não é apenas das ondas, nem das pessoas mas de tudo, e noutros simplesmente para aproveitarmos.