É verdade. O GT é menos fluído que os aussies e não é fácil apanhá-lo a perder tempo em cutbacks. Além da dúzia de títulos mundiais, tem no currículo um nó que todos invejam: foi ele quem derrotou Mike Stewart. Como se na NBA, alguém se aproximasse do 23 dos Bulls para dizer: Fim.
Com o Tâmega, as ondas sempre foram apenas o veículo para chegar um pouco mais alto ou para bater com um pouco mais de força. A forma de lhá chegar nunca o preocupou. Se é verdade que tudo se movimenta em ciclos, hoje no nosso estimado Bodyboard fechou-se mais um. A Mike Stewart, devemos a invenção, mas com o Guilherme Tâmega o Bodyboard amadureceu. Nunca fez parte da entourage internacional das ondas e não me lembro de alguma vez o ter visto a ser apoiado por uma das grandes marcas. Billabong, Quicksilver, Rip Curl e O'neill, nunca lhe pegaram. E, convenhamos, não lhe faltaram títulos nem sessões memoráveis. Seria por não ser das tribos das ilhas?
Lembro-me de uma visita à Praia do Norte há já uns bons três anos. Pago pela Onda - que me parece uma boa marca nacional - GT veio até à Nazaré mostrar o novo equipamento. Depois de algum tempo na praia a ponderar se o mar estava surfável - na PN, três metros desordenados metem respeito a toda a gente - a tropa lá se equipou a umas centenas de metros ao norte do Farol.
Tâmega, estava acompanhado pela mulher e pelos dois filhos. A pose era profissional, o mood era de viagem familiar, mas a 'pica', esse factor decisivo, estava toda escondida.
Da praia, era fácil perceber que todos os que estavam na água sabiam o que faziam. Mesmo enfrentando ameaçadores close outs, lá iam fazendo as suas e ninguém passou vergonhas. Depois de uns bons minutos parado no inconstante pico, o GT escolheu duas ondas: na primeira, para 'cumprir calendário', limitou-se a voar já no inside. Mas na segunda onda inventou um tubo impossível, daqueles que levam os cameras a desisitirem dos planos. O ARS para fechar foi só a cereja no topo do bolo. Naquele momento, ao som dos gritos dos poucos espectadores, a hierarquia do Bodyboard ficou clara: entres os mortais, há os que não surfam, os que já surfam e, no topo, os craques. Esses já ganham campeonatos e, com alguma sorte, até conseguem fazer algumas temporadas em ondas internacionais.
Depois há uma classe de rapazes que nunca ninguém gosta de enfrentar, que surfam como se estivessem mais à vontade que todos os outros e que, durante anos, não deixam mais ninguém brincar. São os Jordan e os Schumacher, os Zidanes ou os Woods da "coisa". Stewart e Tâmega fizeram as carreiras a um nível diferente da concorrência. Ao nível de surf, juntaram sempre a capacidade mágica de nunca entrarem num campeonato onde a vitória não lhes estivesse ao alcance. Os aussies? Correndo o risco de ser insultado, arrisco: ainda não vi nenhum capaz de fazer uma colecção de Canecos comparável com a do Tâmega.
Se decidir atinar, o Mitch Rawlins é gajo para ser a excepção que confirma a regra e o miúdo Pierre Louis Costes também me parece capaz de vir a precisar de uma boa estante para troféus. Não vejo o GT a seguir as pisadas do tio Mike e limitar-se a participar em algumas provas bem escolhidas. Rei morto? Nem vamos ter direito a um bom campeonato de despedida?
É a segunda grande porrada que o Bodyboard leva este ano ...
(3.37)
Bons Tubos
Ainda hoje me pergunto porque aquele tubo não levou um 10...
ResponderEliminarexcelente
ResponderEliminarse o circuito fosse todo em ondas assim o titulo era discutido por esses dois da final ainda por um bom par de anos.
ResponderEliminarO tubo merecia um 10...
ResponderEliminarB
Para o júri o gajo tinha de sair a fazer o pino...lamentável.
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